Hoje, 25 de Maio, é celebrado o Dia da África, uma data simbólica que comemora o nascimento oficial em 1963 da Organização de Unidade Africana (OUA), a antecessora da atual União Africana (UA), uma organização regional que agrupa os países do continente. Foi decretado com o objetivo de sensibilizar para as necessidades que todos os seus países enfrentam e de reivindicar todos os avanços socioeconômicos que alcançaram, incluindo a sua libertação do colonialismo.
A origem desta celebração pode ser traçada desde o primeiro Congresso dos Estados Africanos em 1958. Representantes de vários países reuniram-se ali e demonstraram uma forte determinação destes povos em se libertarem da colonização estrangeira.
Nesta Conferência foi proposta a realização de um Dia da Liberdade Africana e a partir desse momento, as reuniões entre os diferentes chefes de Estado do continente africano continuaram a serem realizadas, onde nasce o chamado Organização da Unidade Africana em 25 de Maio de 1963 e, mais tarde, mudou-se para o Dia da África..
Coincidindo com este dia, estamos nos comunicando com as Filhas de Jesus que estão em Moçambique.
Onde estão as Filhas de Jesus em Moçambique?
A Comunidade das Filhas de Jesus na África, como muitos de vocês já sabem, está principalmente na província de Cabo Delgado, no norte do país, na Missão de Metoro e na cidade de Pemba, há também uma Irmã na capital Maputo.
Qual é a situação atual no país?
A área mais ao norte da província tem vivido uma situação de violência, uma guerra terrorista, desde 2017, que deslocou milhares de pessoas das suas aldeias para áreas mais seguras, incluindo Metoro e Pemba, afetando a situação social nestes locais, à medida que aumenta a necessidade de cuidados para tudo, incluindo a educação e a saúde.
Como é que a pandemia os afetou?
Além disso, a pandemia, que é universal e afeta a todos, tem aqui suas conotações especiais. Especificamente na educação no ano de 2020, toda a atividade escolar foi cortada. Os estudantes não tinham aulas ou atividades alternativas. Mesmo assim, em 2021, avançaram no ano letivo. Mas, nesse mesmo ano, os protocolos da pandemia continuaram afetando as crianças, porque para atender a todos, o número de crianças nos grupos foi reduzido e por isso só foram à escola durante dois dias e quatro horas, e isto também continuou no primeiro trimestre de 2022. Há pouca necessidade de explicar as graves consequências disto para um sistema já muito fraco.
A pandemia afetou todas as áreas, incluindo a adoração e as atividades pastorais. Neste momento está voltando a normalidade.
Assim, tendo em conta a situação, existe uma maior necessidade de apoio na escola e foi criado, ou melhor, retomado o grupo de reforço educacional, que cuida dos alunos mais atrasados, e também atende às necessidades de todos os tipos de pessoas deslocadas.
Foi também possível reabrir a creche, a pré-escola, que estava completamente fechada, começou com um limite no número de crianças e agora voltou ao normal. Cerca de 200 crianças dos 3 aos 5 anos de idade são atendidas.
As atividades com crianças e adolescentes missionárias e grupos juvenis recomeçaram, estes são mais da pastoral paroquial, deve ser tido em conta que a maioria da população é muçulmana.
Na paróquia existe também um centro de saúde alternativo, com plantas medicinais e métodos naturais, o que, dada a fragilidade do sistema de saúde pública, é muito necessário. FASFI está promovendo através do projeto “Cuidando da Saúde”. Neste momento, o problema da desnutrição infantil tem aumentado, devido à falta de recursos e muitas vezes devido à morte da mãe. Assim, o Centro tenta acompanhar estes casos e está envolvido num projeto de leite infantil, que é apoiado por uma organização portuguesa: Amigos de Raul Follerau.
Quais são os novos desafios que vocês enfrentam no momento?
Pemba colabora com o Secretariado da Pastoral, acompanhando as comissões. Com várias áreas, destaco a atenção às pessoas deslocadas e aos jovens.
Neste momento estamos vivenciando acontecimentos importantes: há algumas semanas, realizou-se em Namuno o encontro diocesano de jovens, a primeira missão em Cabo Delgado, com representantes de todas as paróquias da diocese, 300 jovens.
Temos um novo bispo. No dia 21 ele tomou posse na cidade de Pemba, com uma grande participação de toda a diocese.
O 22º foi o Jubileu dos 100anos. Foi a primeira Missão que teve início no dia 22 de Maio de 1922. Os primeiros missionários, os Padres Monfortine, chegaram nessa data. Quase todos os bispos de Moçambique e representantes de todas as paróquias estiveram presentes neste evento, e até o presidente do governo esteve presente a nível civil.
São uma pequena amostra do que está acontecendo, o mais importante talvez seja viver todos os dias com esta comunidade com quem temos aprendido tanto..