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Entrevista com Mª Jesús Navarro por ocasião de seu Jubileu de ouro

dezembro 7, 2017

Sou  Mª Jesús Navarro FI. Atualmente estou na casa de Pamplona e pertenço à comunidade de Guipúzcoa – Bilbao e Pamplona-. 

Poderia nos dizer qual o  balanço que você faz destes 50 anos de V.R.? 

Com um coração cheio de gratidão, o que brota do mais profundo de meu ser é um: OBRIGADA, SENHOR, POR TANTO BEM RECEBIDO! E como calar! Poder partilhar com vocês algumas pinceladas de meus 50 anos de Vida Religiosa é muito gratificante. 

Para mim tem sido “um tempo de graça”. Não sabia muito bem para onde ia, mas  tinha certeza de que escutei sua voz que me dizia: Mª Jesús, Vem e segue-me!  Meu coração se encheu de sonho e alegria acompanhados por um grande desejo de entrega aos demais. Não faltava o  medo ante o desconhecido. Mas, posso, sim, lhes dizer que tinha segurança de que não estava sozinha. O olhar de Jesus me animava, me conduzia e me acompanhava sempre. Sua voz firme me sussurrava: “Não tenha medo, eu estou com você”. 

Hoje, continuo agradecendo ao Senhor o dom de minha vocação, e me considero afortunada por ser Filha de Jesus. Procurei sempre colocar a serviço dos demais os “dons” que Ele me deu, consciente de que a “terra que piso é sagrada” para Deus e para mim. 

Tem sido gratificante poder viver o seguimento ao estilo de Santa Cândida Mª de Jesus, mulher simples, intuitiva, firme, corajosa, audaz, cheia de fé, sempre disponível para fazer a vontade de Deus, Pai-Mãe! E tendo-a como referência em meu modo de proceder, tenho procurado construir o Reino em qualquer parte do mundo para onde fui enviada. 

Destacaria especialmente alguma experiência?

Sinto que Deus foi fazendo história em minha vida, uma história de amor. Tenho sido tratada com muito mimo e cuidado em minha fragilidade pessoal. Agradeço a Deus o presente da minha família, sobretudo de meus queridos país, pessoas simples, trabalhadoras, profundamente cristãs, que sem eu perceber foram tecendo e me ajudando a crescer na fé e no desejo de ajudar os demais.

Desfrutei muito e me senti realizada nas diferentes missões a mim encomendadas, tanto na pastoral como em outras  que me foram confiadas. Valorizo e sinto-me identificada com a educação à qual dediquei a maior parte de minha vida.  Considero-a uma plataforma com muitas possibilidades para evangelizar e ajudar a pessoa a se desenvolver integralmente.  

Outra experiência especial foi o encontro que tive ao longo da vida  com tantas pessoas que Deus colocou no meu caminho. Graças à capacidade de relacionamento que o Senhor me deu como dom, ela tem sido um meio para partilhar minha vida com os demais. Muitas pessoas foram referências para mim, algumas já estão no céu, e continuo partilhando a vida com outras. 

Sobre minha passagem por Bolívia, posso dizer que significou um antes e um depois em minha vida. Seu povo, sua cultura, sua sensibilidade e capacidade para acolher quem chega, ajudou-me a ver a vida e o  mundo de  modo diferente, a valorizar o de lá e o de cá, e sobretudo a questionar meu modo de viver e conceber a VR. Partilhar a vida com os mais necessitados fez-me mais sensível, mais capaz de estar atenta no dia a dia aos que sofrem. Não sei explicar bem, mas algo nasceu em mim que sinto como “graça”. 

Qual seria sua mensagem para as irmãs mais jovens?

Em primeiro lugar lhes diria: Ânimo e para a frente! Se você sente o chamado de Jesus, se sente que Deus a ama, assim, pessoalmente e incondicionalmente, e a chama por seu nome, arrisque-se que vale a pena dar o passo; e você não o dá no vazio, é Jesus que olhou para você, chamou-a e lhe diz como a Zaqueu: “quero hospedar-me em sua casa”. 

Diria também a elas que sejam corajosas, decididas, que se deixem conduzir pelo Espírito de Jesus. Possivelmente terão momentos de dúvidas, medos, inseguranças, dificuldades, solidão, nada disto faltará para elas. Ante o novo, o desconhecido, somos frágeis, porém, Ele sempre estará ao nosso lado. Dir-lhes-ia também: “Não duvidem em dar seu Sim ao Senhor, um sim ao serviço gratuito, um sim a todos, mas especialmente aos mais desfavorecidos. Um sim para construir Reino com outras/os, um sim a uma VR no estilo de Cândida Mª de Jesus”.  

Termino dizendo-lhes que vale a pena a VR como projeto de vida, e sobretudo viver nossa vocação como “graça, dom, presente” que se recebe para partilhá-lo com os demais e, claro, vivê-lo em plenitude. Jesus necessita de nós, audazes e criativas, para mostrar seu rosto compassivo e misericordioso a este mundo sofredor, partido e desorientado. Ânimo e para a frente!

Há alguma frase ou lema que possa sintetizar esta celebração?

  • “Sei em quem confiei”.
  • ”Tudo é presença e graça”.

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