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Partilhando um momento com a Madre Cândida, ante o Rosarilho.

março 26, 2019

Anna Ma. Cinco, FI

“Não me agrada que você perca tempo pensando que é pobre e que não poderá ir adiante. Acha que eu não sabia que você não tinha riquezas e bens deste mundo? Sabia, sim. E sei quem eu escolhi e, por que a escolhi. Quem lhe deu o desejo lhe dará o poder e a graça, se for fiel a meu chamado. E verão que a obra é minha, e não dos homens”.

 

Encontramos estas palavras nas anotações espirituais de Santa Cândida María de Jesus. Parece ser uma suave repreensão do Senhor à jovem que antes era uma doméstica acostumada a receber ordens e, agora, chamada a dar ordens, como fundadora. Uma mulher com escassos recursos materiais chamada a “*fundar uma Congregação com o nome de Filhas de Jesus dedicada à salvação das almas, por meio da educação e instrução da infância e juventude*”. Uma jovem batizada como Juana Josefa, que naquele momento foi chamada a mudar seu nome para Cândida Maria de Jesus, um nome cuja primeira palavra rejeitou porque lhe recordava o nome de um alcoólatra de sua aldeia natal. Uma reação manifestada com suas próprias palavras, “*Maria de Jesus sim, porém Cândida não*”.

Não posso, sequer, começar a conceber os pensamentos e sentimentos que chegaram a esta jovem chamada a renunciar seu nome, seus hábitos, suas seguranças, seus temores e incertezas etc. Alguém poderia pensar: chamada a renunciar sua própria identidade.

Porém, sua identidade mais profunda estava enraizada em ser uma filha de Deus muito amada por Ele, juntamente com seus outros filhos, e protegida e guiada por Maria Imaculada – Filha de Jesus.

Assim, ao longo dos anos, imagino que a volta constante a esta identidade mais profunda a fortaleceria e a alentaria a continuar respondendo a esse chamado ante o altar do Rosarilho. Trinta e três anos depois de ter fundado a Congregação, na última década de sua vida, afirmava, “* Como é verdade que Jesus não abandona estas suas pobres e indignas filhas!”*

Assim, também eu tomo consciência de que estou chamada a me desprender de todas as falsas fontes de segurança nas quais me apego obstinadamente, todas essas coisas que jurei abandonar, assumindo a pobreza, a castidade, a obediência e a disponibilidade, e a colocar toda minha esperança em Deus em quem posso confiar, para que me acompanhe e fortaleça com sua graça.

É um caminho prolongado e difícil ao longo do qual devo admitir que frequentemente tropeço, e cedo a meu egoísmo. Mas, também é um caminho cheio de gozo e de paz, porque sua paciência, perdão e amor me acompanham, se os acolho.

Quase ouço Madre Cândida dizendo: “*Firme, minha filha, e alegre; Deus está conosco; isto nos basta e nada mais queremos*.”

Assim, continuo caminhando com sua graça, colocando nele toda minha esperança. E esperando o momento em que, como criatura ante meu Criador, possa descrever com alegria meu estado de ânimo como a Madre Cândida, “*tranquilissimamente tranquila*”, tendo o enorme privilégio de ter partilhado e experimentado a beleza e a graça de seu chamado no Rosarilho.

Obrigada Pai, Filho e Espírito Santo.

Obrigada Maria Imaculada.

Obrigada Madre Cândida, e interceda por todos nós desta sua Família.

FONTES:

– María del Carmen de Frías Tomero, F.I., “*CÁNDIDA MARÍA DE JESÚS, FUNDADORA*”, p. 81, 82, 640.

 

– Madre Cándida María de Jesús, Cartas II, ed. prep. por Teresa Lucía, F.I. C 285 (carta autógrafa del 22 julio, 1904)  e C 292 (carta autógrafa del 27 enero, 1905).

 

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