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QUERO E ESCOLHO, por Pilar García-Junco fi

dezembro 6, 2016

As irmãs do curso de renovação começamos, dia 06, a aprofundar a  Laudato SI.
Como pano de fundo está a grande simplicidade, alegria, pobreza e felicidade de São Francisco; e como contexto, contemplo a realidade boliviana que é simples, alegre, pobre e, eu creio, também feliz.
Nestes dias estou me lembrando muito de Inés Laso, não somente por ver seu empenho e dedicação em alguma de nossas obras aqui na Bolívia, mas por recordar as conversas que as duas tivemos ao longo dos anos que estivemos próximas.
Quando eu era postulante e ia entrar no noviciado, Inés esteve comigo para me fazer aquelas perguntas relacionadas com o que diz o artículo 31 de nossas Constituições. Houve um momento em que Inés quis assinalar minhas qualidades e alguns aspectos que eu deveria ter em conta para o futuro. Ela me disse: “Pilar, você é uma mulher muito simples, não faz problemas com as coisas, e busca no simples o caminho mais curto para caminhar na vida”.
Eu a escutei, mas não reconheci o que estava me dizendo. Primeiro, porque aquilo de “simples” não me soava nada bem, e segundo, porque eu me via como sempre me vi, uma mulher autossuficiente, independente, segura de mim mesma e muito longe de que minha vida fosse simples. Tinha apenas 20 anos.
Contudo, pode-se dizer que estas palavras de Inés marcaram toda minha vida. Esta ideia de dois contrários, a simplicidade e a autossuficiência, tem sido meu campo de batalha de anos e anos. Dois extremos que jamais se tocaram nem poderão se tocar. Declarações de guerra que nunca poderão ser assinadas pela paz, mas, sim, pelo Amor de Deus.
Eu pedi ao Senhor muitas vezes o dom da Humildade conforme os três graus que Santo Inácio coloca nos números 164 –168 dos EE. Pedia-lhe, pelo menos, alcançar o primeiro.
Fez falta tempo, muito tempo, não para que o Senhor se decidisse a me conceder um dom, o da Humildade, mas para que eu reconhecesse que Ele tinha me dado o dom da Simplicidade, e que eu não tinha sabido ou querido lhe dar valor. Estas, sim, são duas irmãs que se tocam. Também aqui Santo Inácio me ajudou com esse “QUERO E ESCOLHO”, que ele coloca com tanta força em EE167: “…quero e escolho mais pobreza com Cristo pobre que riqueza; mais injúrias com Cristo injuriado do que honras. E também desejo ser considerado inútil e louco por Cristo, que primeiro foi tido por tal, antes de ser tido por sábio e prudente neste mundo”. Trata-se de uma singela e simples opção pessoal. Não a de conceder o dom, ele nos é dado gratuitamente, mas, sim, a de se abrir a recebê-lo, a reconhecê-lo, a considerá-lo e a aceitá-lo. Sempre que for para mais imitar, servir e louvar a Deus nosso Senhor. Querer e escolher, simples assim.
E deste modo me situo ante a Laudato SI. Não sei o que descobriremos nestes dias com Frei Francisco Conroy, mas sei que me dispor a contemplar “a casa comum” significa tomar opções pessoais. Tudo vai depender do que eu QUEIRA E ESCOLHA, partindo do dom de Deus.
Terei a suficiente capacidade para fazer meu o que é de todos? Saberei aceitar o que Deus me propõe para acercar-me cada vez mais a seu Reino, um Reino que não é deste mundo, que se distancia do poder, da riqueza e de todos os conceitos próprios dos interesses humanos, que eu não quero e aos quais se supõe que renunciei?
Oxalá o dom da Simplicidade me ajude em tudo isto.
Por favor, continuem rezando por nós.

Pilar García-Junco fi

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