Pobreza, missão e esperança
Hoje celebramos uma poderosa tripla convergência de datas e propósitos: comemoramos o aniversário da canonização de nossa fundadora, Santa Cândida Maria de Jesus Cipitria y Barriola, o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza (17 de outubro), e estamos no meio do Mês das Missões com a celebração do Dia Mundial das Missões. Além disso, temos a recente publicação pelo Papa Leão XIV de sua primeira exortação apostólica“Dilexis te” (Ele nos amou), que traça a história do amor cristão pelos pobres e apresenta uma teologia do cuidado que integra o espiritual e o social.
Esta confluência nos convida a renovar nosso compromisso como Filhas de Jesus e Família Madre Cândida, seguindo o modelo de vida e o carisma que nos deixou nossa Santa Fundadora, centrando nosso olhar em Cristo, fonte de esperança, e atuando com amor e justiça em favor dos mais vulneráveis.
Santa Cândida: A fé se transformando em justiça
Em 17 de outubro de 2010, o Papa Bento XVI presidiu a festa de santidade na Praça de São Pedro, onde Santa Cândida foi apresentada à Igreja universal como modelo de vida e intercessora na comunhão dos santos. A liturgia daquele domingo destacou a necessidade de orar sempre, sem se cansar, e a fé essencial como base da oração.
Nossa fundadora, aquela garota de origem simples, tomou a firme resolução de viver “somente para Deus”. Entretanto, a fé de Santa Cândida nunca foi abstrata; estava profundamente enraizada na realidade daqueles que sofrem. Ela viveu para levar a todos a esperança que não vacila, “especialmente àqueles que mais precisam dela”. Seu espírito é resumido em uma frase que permanece como um farol para nossa Congregação:
“Onde não há lugar para os pobres,
Santa Cândida
não há lugar para mim”.
Guiada por esse princípio, ela inspirou outras irmãs a seguirem Jesus e a se dedicarem à educação de crianças e jovens e à promoção das mulheres, um apostolado que as Filhas de Jesus continuam a exercer em muitos países onde o espírito da Madre Cândida chegou.



Dignidade, Justiça e Pertencimento: Erradicando o Abuso Social
O Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza (17 de outubro) busca enfatizar que acabar com a pobreza é uma questão fundamental de dignidade, justiça e pertencimento, não apenas de renda.
Há um lado da pobreza que geralmente é difícil de ver: os maus-tratos sociais e institucionais sofridos pelas pessoas que vivem na pobreza. As famílias em situação de pobreza geralmente enfrentam estigma e rejeição em locais onde deveriam receber apoio, como clínicas, escolas ou escritórios de assistência social. Esse abuso, que mina a autoestima e destrói a dignidade pessoal, afeta geração após geração.
Diante dessa realidade, o apelo é claro:
– Priorizar os mais desfavorecidos.
– Transformar as instituições de proteção à criança em um sistema completo de apoio à família, fortalecendo a capacidade dos pais de cuidar de seus filhos e de sair da pobreza persistente.
– Avançar em direção a uma cultura de confiança, respeito e colaboração, afastando-se da desconfiança, da vigilância intrusiva e do controle.
Como Filhas de Jesus, sabemos que nossas decisões e ações devem ser orientadas pelas realidades de maior necessidade de educação, por tanta necessidade na vida das pessoas que vivem na pobreza e formuladas com a participação ativa delas. Essa é a maneira de construir um ambiente respeitoso e atencioso que fortaleça as crianças e crie uma sociedade mais justa e equitativa.
O DOMUND: Missionários da esperança por meio de obras de amor
O Dia Mundial das Missões, celebrado no penúltimo domingo de outubro, é o dia em que a Igreja universal reza e colabora com as missões. É um chamado à responsabilidade de todos os cristãos na evangelização.
A missão está incorporada nos homens e mulheres chamados para levar o Evangelho. Os missionários não prometem falsas riquezas ou um mundo sem dor; eles propõem o verdadeiro ideal que é Cristo. Seu testemunho de esperança (que vem de Deus e garante sua companhia e conforto) é urgente diante de uma humanidade “frequentemente distraída e infeliz”.
O que é crucial é que a esperança que nossos irmãos e irmãs missionários transmitem “seja acompanhada de obras de amor! Essas obras são realidades tangíveis que ajudam no crescimento humano: escolas, dispensários, orfanatos, entre outros.
Essas ações concretas são uma lembrança de que a pessoa é feita de carne e vive em um mundo onde deve poder viver com dignidade e com vistas ao futuro. A ajuda distribuída pelo Fundo de Solidariedade Universal da DOMUND apóia as necessidades ordinárias dos 1.131 territórios de missão, apoiando projetos extraordinários de evangelização e promoção humana.
O trabalho missionário, que transforma o mundo no Reino de Deus, está intimamente ligado à visão de Santa Cândida de uma vida digna para todos.
O chamado para sermos artesãs da esperança
Ao celebrarmos a santidade da Madre Cândida e nos unirmos à causa global contra a pobreza e ao apoio às missões, somos lembrados de que somos chamados a ser “artesãos da esperança”.
Como a Igreja nos exorta, nós, cristãos, somos transmissores das graças concretas de Deus em Cristo, chamados a cuidar de nossos relacionamentos pessoais com nossos irmãos e irmãs com proximidade, compaixão e ternura.
Sigamos o exemplo de Santa Cândida, renovando em nós a espiritualidade pascal e a oração perseverante, e apoiemos com nossa oração e colaboração financeira os missionários que semeiam a verdadeira esperança e a dignidade humana em todos os cantos do mundo.