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Anny Peña fi: MINHA PASSAGEM PELA ÁSIA

abril 30, 2017

Anny Peña fi acaba de ser enviada à República Dominicana depois de viver 07 anos na Ásia. Saiu de seu país no ano 2010. Residiu uns meses nas Filipinas, e dali foi à Tailândia e à Mianmar. Ela mesma nos conta sua experiência.

MINHA PASSAGEM PELA ÁSIA

Dou graças a Deus e à Madre geral por me ter enviado à África.
Sete anos na Ásia significaram uma grande experiência. Anos que, como toda caminhada, trouxeram alegrias, tristezas, sacrifícios e, sobretudo, muito amor. Amor às pessoas, respeito à cultura, abertura de mente é tudo o que vivi.
Aprendi que muitas coisas são relativas na vida. Quando estava na República Dominicana, eu era baixinha, de nariz grande, de cabelo ruim e morena. Ao chegar à Tailândia eu passei a ser alta (porque minhas duas irmãs Filipinas são alguns centímetros mais baixas do que eu) de nariz fino, de cabelo exótico e o único que não mudou foi ser morena, sim mudou, a mais morena. E assim muitíssimas coisas que acreditamos absolutas na vida.
Aprendi com o povo grande valores como a simplicidade, honradez, o respeito aos mais velhos, o cuidado com os bens comuns, a limpeza do entorno, a expressão pública de sua fé (budistas), Poderia colocar muitos exemplos, aí vão alguns:
•    Se alguém perde alguma coisa na rua, deixam-na no mesmo lugar dias e dias senão a entregam na policia.
•   De manhã cedo, quando os monges saem para mendigar (caminham pela rua em fila levando um recipiente) as pessoas desligam o motor, descem, se ajoelham e dão a oferta ao monge que, por sua vez, reza por elas.
•    Não há lixo nas ruas, não porque não haja plástico (creio que é o país que mais usa o plástico), mas porque os cidadãos cuidam de sua cidade.
Na Igreja experimentei o que é certo e efetivo, a linguagem do amor. Ser capaz de estabelecer uma conversa com minhas poucas palavras em tailandês e suas poucas palavras em inglês e nos entendermos, sentir-nos em conexão e rirmos juntos.  
O trabalho com os refugiados, e com uma ONG (Jesuit Refugee Service, JRS), foi outra das muitas bênçãos da Ásia para mim.  
Entrar por inteiro neste mundo de escrever projetos, fazer reportagens, planificar atividades, fazer avaliações e, sobretudo, trabalhar para promover os mais necessitados, neste caso os refugiados na Tailândia e os migrantes internos em Mianmar.
O que aprendi na vida comunitária?
Aprendi a conhecer-nos, amar-nos e aceitar-nos como somos, e que isto é a chave de uma vida comunitária, que não foi perfeita, porém sim, a melhor como costumávamos dizer. Não porque não tivéssemos problemas, mas porque queríamos bem umas às outras, não nos víamos como competência, mas, como suporte de uma para com a outra. Vivemos realmente isso que tanto falamos, mas que em geral pouco vivenciamos, a Ajuda Fraterna. E quando uma irmã dizia algo ou eu dizia algo o recebíamos como uma ajuda porque assim vinha da irmã. Viver em atitude de fazer a irmã feliz nos pequenos detalhes de cada dia.
Potenciávamos o sentido de corpo universal através de nossas preces na oração comunitária e com a recitação do Rosário todas as quartas feiras por uma comunidade específica (líamos no catálogo a informação sobre cada irmã da comunidade e rezávamos por ela e pela missão).
O sentido de Igreja também cresce, neste lado do mundo, através da leitura dos documentos papais, e rezando uma Ave Maria pelo Papa no final de nossa oração comunitária. Estes detalhes são expressão de fé; pequenos, antigos, repetitivos, porém alimentam e fortalecem o espírito.
Crescemos também em universalismo quando rezávamos a Ave María em inglês, tagalo, chinês, tailandês ou espanhol, na abertura e respeito ao diferente da outra.  
Tudo isto ajuda a viver conscientemente que a obra é de Deus. Não sou eu a protagonista são eles a quem sirvo. Sou apenas o instrumento que às vezes deixa a Graça passar, e outras vezes a obstaculiza. Por isso nossas orações comunitárias estavam carregadas do nosso trabalho.  
E agora me toca regressar à República Dominicana onde, sem contar meus anos de formação, vivi cinco anos, e retorno com a mesma ilusão com que saí, porém agora com um coração maior pelos nomes que estão escritos nele, com um horizonte mais amplo por tudo que recebi da cultura asiática. Regresso com imenso desejo de descobrir a vontade de Deus em meu cotidiano e, para isto, conto com suas orações.

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