As mais prestigiosas revistas jesuítas europeias publicam, neste mês de setembro, a entrevista que o jesuíta Antonio Spadaro, diretor de “La Civiltà Cattolica”, fez ao Padre Geral da Companhia de Jesus, Adolfo Nicolás Pachón, que renunciará a seu cargo no próximo mês. Na Espanha, a encarregada de sua publicação foi a centenária “Razón y Fe”.
“Para os jesuítas era algo impossível pensar que um dos nossos fosse eleito papa, somente duzentos anos após a supressão, e vinte e cinco depois de uma intervenção papal no governo da Companhia”, responde com sinceridade o P. Geral. Para ele “Tendo acontecido o improvável, a eleição de um Superior Geral no pontificado do Papa Francisco, também ele jesuíta e, portanto, bom conhecedor da Companhia, adquire um significado especial”.
Nicolás espera da Congregação Geral, além de eleger um “bom Superior Geral”, que o Papa se dirija aos participantes e lhes apresente “seus sentimentos e preocupações”, e que seu fruto seja “uma vida religiosa melhor no espírito do Evangelho e uma renovada capacidade de imaginação (…) Necessitamos audácia, fantasia e coragem”.
É que para este palentino de 80 anos, que exerce o cargo desde 2008, a Igreja necessita de “uma linguagem nova que use a sabedoria dos sábios, ou a sabedoria do povo, para falar uma língua que o mundo seja capaz de entender”. Porque sua visão de mundo é contracultural: “Temos que começar a conceber a humanidade como uma unidade e não como um conjunto de países separados uns dos outros por suas tradições, suas culturas e seus preconceitos. É necessário pensar em uma humanidade que necessita de Deus, que necessita de uma profundidade que somente pode vir da união de todos”.
Crê também que falta formação na Igreja: “Falta algo na formação dos sacerdotes. Em primeiro lugar falta na formação uma leitura mais exigente do Novo Testamento. Para que o magistério do Papa seja uma realidade viva, faz falta fazer da formação do clero ‘uma formação para o discernimento’”.
O P. Geral responde com uma serenidade interior que sabe olhar para o passado e para o futuro sem sombras. Considera que “a vida religiosa vai bem” e “surgiu também uma nova esperança em torno ao Papa Francisco, que nos conhece muito bem e conhece o lugar que ocupa e a missão que a vida religiosa tem na Igreja”.
Jesuítas, pessoas de pensamento incompleto.
Em 2013, durante outra entrevista concedida ao mesmo Spadaro, o Papa Francisco afirmou que os jesuítas deviam ser pessoas “de pensamento incompleto, de pensamento aberto”. Para o P. Geral isso significa que “temos muito que aprender do silêncio, da humildade, da discrição simples. O jesuíta, como disse uma vez na África, deve cheirar a três cosas: à ovelha, isto é, ao que sua gente vive, à sua comunidade; à biblioteca, isto é, a reflexão em profundidade; e ao futuro, quer dizer, a uma abertura radical à surpresa de Deus. Creio que estas coisas podem fazer do jesuíta um homem de pensamento aberto”.
O P. Geral considera que os problemas da Companhia de Jesus, “são os problemas da humanidade: a pobreza, o desemprego, a falta de sentido, a violência, a ausência de alegria”. Portanto, a pergunta é: como enfrentar estes problemas? Para Nicolás Pachón “aqui entra o fator religioso, que leva consigo colocar o ‘outro’ em primeiro lugar, com esse tipo de despojamento que permite ir ali onde perdemos nossa habitual segurança”.
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