Nossa Superiora Geral, Maria Inez Furtado fi, participou sexta-feira e sábado passados na plenária da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica. Nela o Papa Francisco expressou seu apreço pelo trabalho que realizam a serviço da vida consagrada na Igreja e destacou a importância do tema – fidelidade e abandono – que escolheram para refletir sobre as dificuldades do momento presente.
“O tema escolhido é importante. Podemos dizer que, neste momento, a fidelidade é colocada à prova; demonstram-no as estatísticas que examinaram. Estamos ante uma ‘hemorragia’ que debilita a vida consagrada e a vida da Igreja. O abandono da vida consagrada nos preocupa. É verdade que alguns a deixam por um ato de coerência, porque reconhecem, depois de um sério discernimento, que nunca tiveram a vocação; porém, outros faltam à fidelidade com o passar do tempo, muitas vezes poucos anos depois da profissão perpétua. O que aconteceu?”.
São “numerosos os fatores que condicionam a fidelidade, neste tempo de mudança de época, e não somente uma época de mudança, e se torna difícil assumir compromissos sérios e definitivos”, assinalou o Santo Padre, refletindo, particularmente, sobre três deles: o contexto social e cultural, o mundo juvenil e as situações de contra testemunho na vida consagrada.
Começando pelo primeiro fator “que não ajuda a manter a fidelidade”, a realidade social e cultural, o bispo de Roma assinalou que vivemos imersos no “provisório”, o que pode levar a viver ‘à la carte’ e ser escravo da moda. Esta cultura alimenta o consumismo e esquece a beleza de uma vida simples e austera, provocando muitas vezes um grande vazio existencial com um forte relativismo, e valores alheios ao Evangelho”.
“Vivemos em uma sociedade onde as regras econômicas substituem as leis morais, ditam e impõem seus próprios sistemas de referência em detrimento dos valores da vida”. “Uma sociedade onde a ditadura do dinheiro e do lucro defende uma visão da existência que descarta quem não rende. Em tal situação é preciso deixar-se evangelizar primeiro e, depois, comprometer-se com a evangelização”.
No segundo ponto, dedicado ao mundo da juventude, recordou que não faltam jovens generosos, solidários e comprometidos em nível religioso e social. O Papa se referiu aos desafios que a juventude enfrenta e animou a contagiá-los com a alegria do Evangelho.
“Há muitos jovens maravilhosos, e não são poucos. Mas, mesmo entre esses jovens, há muitas vítimas da lógica do mundanismo, como a busca do sucesso a qualquer preço, o dinheiro e o prazer fáceis”. Esta lógica seduz muitos jovens. Nosso compromisso não pode ser outro senão o de estar ao seu lado, para contagiá-los com a alegria do Evangelho e da pertença a Cristo. É preciso evangelizar essa cultura se quisermos que os jovens não sucumbam.
No terceiro fator, “que provém do interior da vida consagrada, onde ao lado de tanta santidade não faltam situações de contra testemunho”, o Santo Padre reiterou a centralidade de Jesus na missão profética dos consagrados.
“Se a vida consagrada quiser manter a sua missão profética e o seu encanto, continuando a ser escola de fidelidade para os próximos e os distantes (cf. Ef 2,17), deve manter o frescor e a novidade da centralidade de Jesus, a atração pela espiritualidade e a força da missão; mostrar a beleza do seguimento de Cristo e irradiar esperança e alegria”.
Em seu denso discurso o Papa salientou a importância da vida fraterna comunitária, que deve ser alimentada pela oração, a Palavra, os sacramentos da Eucaristia e da Reconciliação. E não pode se esquecer da proximidade aos pobres e da missão nas periferias existenciais, contemplando sempre o Senhor, caminhando segundo o Evangelho, animando a preparação de acompanhantes qualificados, e o discernimento.