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Entrevista em Lleida com nossa irmã “Tita Hernández”

janeiro 3, 2018

Maria Antonieta Hernández Porcel, Filha de Jesus, de nacionalidade boliviana e com mais de trinta anos na comunidade, vive em Cochabamba, no meio rural, perto de Capinota, com um grupo de jovens em um internato, para dar-lhes a oportunidade de fazerem o curso secundário, e de aumentarem o nível cultural de suas famílias e ambiente próximo. Semanas antes de mergulhar no curso, aproveitamos sua passagem por Lleida para conversar com ela.

 

-Irmã Tita Por que você veio?

-Vim aqui porque minha Congregação me ofereceu a oportunidade de fazer um curso de Imersão Inaciana, em Manresa. O objetivo principal é fortalecer meu ser, fortalecer minha fé e minha espiritualidade. Estou muito entusiasmada, com muitos desejos de receber os dons que o Senhor irá me presentear neste tempo. Irei ficar um mês e meio, e meu maior desejo é voltar à Bolívia com esta experiência recebida e partilhada com mestres, estudantes, e outras pessoas… Partilhar o que Deus realiza em mim e em cada um de nós, porque a vivência da fé é descobrir que Deus está muito presente, e que seu projeto é que busquemos a felicidade juntos, para a realização de seu Reino. E para mim, creio que minha fé se irá fortalecer ao fazer este curso. Vim para isso.  

 

-Como a irmã nos vê, no pouco tempo que está conosco?

-Fomos passear pelas ruas de Lleida. Vi gente que vive uma vida tão simples e tão tranquila, em uma cidade onde vi casas grandes, edifícios, mercado,… Chamaram muito minha atenção os imigrantes, que também têm muita oportunidade de poder ser gente. E têm oportunidade de manter sua cultura, embora com dificuldade no trabalho. Surpreendeu-me a acolhida ao diferente. Não vi rechaço a eles, e estou surpresa com tantos imigrantes.

 

-Irmã, como podemos nos ajudar na vivência da fé considerando como é vivida na América Latina e como se vive aqui na Europa?

-Conheço pouco como se vive a fé na Europa, mas, poderemos nos ajudar tendo presente o que partilhei com os voluntários europeus que vão ao internato. Creio que deveria ser fomentada a relação, cuidando do humano que somos, o que é um dom, e que nos permite recuperar nosso “ser filhos de Deus”. A partir disto, creio que as coisas irão acontecendo, porque Deus não se deixa vencer na misericórdia. Aqui ou lá podemos ser humanos, pessoas misericordiosas, podemos aceitar os outros como são, e viver como Deus quer neste Reino de Deus.

 

-Pode dar-nos uma mensagem que possa nos servir para viver nossa fé aqui, e que tenha algo a ver um pouco com a vivência de sua fé em Bolívia, em Cochabamba?

Visitei uma manhã esportiva no colégio Episcopal; vi o desejo de ajudar nas oficinas solidárias de Cáritas, com a reciclagem de roupa e complementos;  notei o tratamento entre as pessoas que se conhecem… Então, creio que temos que continuar mantendo o que fazemos; que este mundo é para todos; é a casa comum, como diz o Papa; temos que manter nosso ser de irmãos na relação, em sermos sensíveis às necessidades dos demais, e ver o que posso fazer no lugar onde estou. Talvez não seja muito, mas, em qualquer lugar podemos ser fraternos, solidários, irmãos… Creio que teríamos que ser assim em qualquer lugar, seja na Europa ou na Bolívia. No lugar onde estivermos Deus é o Deus do amor, da misericórdia. Manifestá-lo é o mais importante, creio. Deixar que Ele seja em nós, e que continue agindo em nosso agir cotidiano.

 

-Falemos da figura da madre Cândida, sua fundadora. Aqui é pouco conhecida, mas há uma pequena comunidade das Filhas de Jesus em Alcarrás, que são conhecidas como Jesuitinas por ter a espiritualidade jesuítica. Apesar disso, para a maioria dos cidadãos de Lleida, santa Cândida Maria de Jesus não é tão familiar. Poderia nos dizer alguma frase da madre Cândida que possa recolher este pensamento de partilhar, que você nos disse agora há pouco?

-Olhe, ser Filha de Jesus marca minha vida porque o carisma que Deus deu à minha congregação é um carisma de misericórdia e de fraternidade. Então, as Filhas de Jesus, aqui e ali, em qualquer lugar onde estivermos no mundo, nos sentimos filhas, e ao nos sentirmos filhas, nos sentimos irmãs de toda pessoa. A madre Cândida com suas frases nos acompanha, como por exemplo: “O mundo é pequeno para meus desejos”, é o desejo de que se conheça Deus, para ser pessoa; “Deus o quer”; “Com Deus, a todos os lugares”. O desejo de filiação e de fraternidade, que me dá minha congregação através do carisma da M. Cândida, me faz ser e desejar. Dizia também a madre Cândida: “Onde não há lugar para meus pobres, não há lugar para mim”. Esta é uma das frases que marca nossa identidade e nosso desejo de serviço, onde estivermos.

 

-Muito agradecido, Irmã, por responder nossas perguntas. Desejamos-lhe muito fruto em seu curso de imersão inaciana em Manresa, e feliz regresso à Bolívia.

 

 

 

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