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Jesus Cristo Rei do Universo

novembro 20, 2016

O evangelho de Lucas é decisivo para interpretar a realeza de Cristo, que nada tem a ver com as realezas humanas. A mesma palavra, rei, fala-nos de realidades muito diferentes. Esqueçamos os reis poderosos e fixemos os olhos no letreiro que pende sobre a cabeça do Crucificado: “Jesus Nazareno, rei dos judeus”, e no que dizem seus lábios. Escutemos as últimas palavras que dirige ao ladrão crucificado à sua direita: “Hoje estarás comigo no Paraíso”. Amigo que lês esta homilia, esse ladrão sou eu, és tu, são os membros de tua comunidade de fé, somos todos os homens e mulheres, perdidos e pecadores, que na história foram convidados, depois de conhecer Cristo e viver a conversão, a entrar nesse Paraíso no qual Jesus é o Rei.

1. O Paraíso inicial de Adão, e o Paraíso final ao que é convidado a entrar o ladrão, dão-se as mãos graças à reconciliação operada pelo testemunho e pelo sangue derramado de Cristo. O Paraíso do qual fomos expulsos, abre suas portas de par em par ao homem ferido de morte, afastado da Fonte, desencaixado por causa de sua estéril luta por querer ser deus, por ser ele o único rei do mundo. E aí, na porta, demonstrando um amor incondicional pelo ser humano, crucificado no mesmo horror e com os mesmos horrendos suplícios dos homens condenados à morte, se encontra Jesus, este Rei incrível. O Rei está abrindo as portas do Paraíso por amor, por um amor entregue e radical, por um amor que se mantém fiel ao homem, que aprende a ser amado pois necessita saber com certeza que é amado e de verdade. É um rei que se mantém fiel até o fim, até o suplício final, até derramar a última gota de sangue.

2. Segunda-feira passada eu pude ver de novo o final do filme “Pena de morte”, 1995, protagonizado por Susan Sarandon e Sean Penn, e dirigido por Tim Robbins. Parte de uma história real em que a Irmã Helen Prejean é a conselheira espiritual de Mathew Poncelet, um homicida condenado à morte em Luisiana, em 1982, por assassinar dois adolescentes. O filme é um argumento contra a pena de morte, e é também um belo canto à entrega radical de Helen, que tenta com absoluta paixão, mantendo-se contraria à pena de morte, salvar a vida de um homem, de um grande pecador, e acompanhá-lo  incondicionalmente até a cruz da execução de sua pena de morte letal.  
Voltei a me sentir impressionado pela aposta decidida e determinada de Helen, tratando de salvar a vida deste assassino. E por seu acompanhamento absoluto, até o final, até sua cruz; implicando sua vida com uma inteireza radical e uma enorme valentia. Esta Irmã se apresenta para mim como um ícone precioso de Cristo. O assassino, condenado, aceita a morte e pede perdão. E assim vê abrir sua vida ao amor do Pai, Deus, de quem, por primeira vez em sua vida, se considera filho; e através da entrega amorosa de Helen, se sente amado e renascido, mudando a orientação de sua vida. É aí onde se observa, sob a amorosa e comprometida guia espiritual de Helen, como se rasgam as portas do Paraíso, como são abertas para ele, ao mesmo tempo em que se adentra na obscuridade humana da morte.
Este é o segredo guardado pelo Rei: O amor incondicional. Amor por todos e para todos.
Jesus, como a Irmã Helen, não duvida em se defrontar e assumir uma horrível pena de morte. Um Rei humilde, enlameado e ensanguentado por amor, somente amor. É a loucura de amor de Deus pelo homem. É o convite do Rei a que também tu cometas a mesma loucura de amar; te arrisques a amar, a aprender a amar amando, implicando-te  na vida das pessoas, dos pobres. Cheirando mal, comendo pior, sacrificando o pessoal, despojando-te de teu tempo e de tuas seguranças.
Ó bendito Rei! Ele urge a ti e a nós a levar a cruz por amor aos irmãos, e a carregá-la com paixão amorosa e serviçal.
Ele e tu. Tu e Ele. Ele, tu e teus irmãos.

Antonio García Rubio, pároco do Pilar, em Madrid

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