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Mª Celina Chimeno FI completa estudos teológicos no Brasil

janeiro 15, 2021

Celina Chimeno (32) é uma júnior do segundo estágio, originária da província de Mendoza (Argentina). Depois de terminar o noviciado na casa de formação de Córdoba (Argentina), foi enviada ao Brasil para completar o estágio de juniorado, que hoje continua na Argentina.

Após quatro anos de estágio-estudo e vida da Filha de Jesus no Brasil, no final de novembro de 2020 conclui os estudos de Teologia na Faculdade Jesuíta de Teologia (FAJE).

 

Como você conheceu as Filhas de Jesus?

“… nessas buscas o Senhor colocou em minha vida uma Filha de Jesus que acompanhou meu discernimento: Josefina Segura FI, uma mulher cheia de fecundidade que não só me ajudou a escutar Deus em minha vida, mas também me mostrou com sua própria vida a Congregação das Filhas de Jesus”.

Conte-nos como tem sido esse tempo de formação no Brasil …

“Um novo país, uma nova língua, uma nova cultura, uma nova forma de viver, comer, rir, ser, ser. E uma nova etapa, um novo momento na minha vida como Filha de Jesus. Hoje posso afirmar que ser alimentado e fortalecido pelo Espírito de Jesus [1] foi o eixo transversal em toda a minha experiência de Juniorato: começar a me deixar configurar pelo Espírito de Cristo, e ir me encontrando com aquele Deus que é amor primeiro em si mesmo, e porque Ele é amor, nos ama e nos convida a amar. Como diz o evangelista João, amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus, e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Quem não ama não ama conhecido por Deus, porque Deus é amor ”(Jn 4,7-8).

 

Conclua a Licenciatura em Teologia em tempos de pandemia… Que reflexão surge em ti entre a vida e a teologia?

Tempo que nos convida a contemplar o cotidiano que se coloca diante de nós com os olhos do próprio Cristo, para poder nos colocar dentro da Trindade e contemplar as pessoas, o mundo, a realidade. A cada dia mais e mais mortes, e assim passamos de ouvir “números” a ouvir “nomes” de pessoas afetadas pelo COVID-19. E isso não diz nada para aqueles de nós que estão terminando a teologia?

Sem dúvida, antes de tudo, era poder compreender desde o concreto que o sentido escatológico da nossa existência tem esperança em Cristo, e que essa ressurreição se dá em pequenos (e grandes) gestos concretos e cotidianos. Coloca-nos no apelo a Contemplar o Ressuscitado nos gestos de tantos médicos, enfermeiras, pessoas que trabalham em hospitais dando a vida dia após dia, o contemplamos em tantas doações, gestos criativos e novos de proximidade, o contemplamos em tantos olhares que nós que estávamos encontrando.

É por isso que as nossas Constituições com tanta sabedoria nos dizem que este tempo de junho é: “… para ajudar o próximo no conhecimento e no amor de Deus e na salvação de si mesmo, um dos meios é o estudo da Teologia … eles se dedicarão a ele de uma maneira especial … ”[2]. Aquela dedicação a que fui chamado pela Congregação a viver com responsabilidade, compromisso e perseverança é o que abriu novos horizontes na minha maneira de ver, ouvir, isto é, na minha forma de contemplar. E é por isso que terminar o ano passado com tudo o que a Pandemia trouxe pode ser significativo e profundo para ressignificar e, assim, saborear a experiência teológica com nossas entranhas. Sem dúvida, ela não é apenas uma experiência da razão, mas também do coração. Ela me deu espaços de encontro (com os pobres, com Deus, comigo mesmo), me ajudou a me desarmar para me rearmar de novas formas, me fez perguntas, incertezas e também algumas certezas, me colocou diante de um Deus pobre e frágil.

Essa experiência de fragilidade foi sentida na minha própria vida ao ser confrontada com os meus fragmentos interiores, fendas, limitações. No apostolado com as gentes de rua onde as suas vidas estavam fragmentadas, feridas, cheias de solidão e angústia, mas ao mesmo tempo vidas solidárias, compassivas e ternas.

Também experimentei estar perto da casa das irmãs mais velhas, a Casa de Nazaré. Aquela casa era minha Betânia nessa época, nela meu coração descansava. Foi para contemplar a fragilidade dos corpos desgastados pelo amor que me humanizou cada vez que fui, me questionaram com a vida sobre como eu estava vivendo minha vocação, me questionaram onde estava o essencial do cotidiano (fazer ou ser? ?). As suas fragilidades, e as muitas saídas para a Casa do Pai foi acumulando em mim uma nova forma de ser Filha de Jesus, fui confrontada com aquele Jesus da Nazaré que nasce numa manjedoura pobre, e que morre numa cruz de madeira experimentando a solidão do pai.

 

O seu trabalho monográfico é muito próximo da Madre Cândida e foi animado por essas experiências que você nos conta, como se desenvolveu essa união?

Sim, é assim. O título escolhido: “A experiência da Encarnação está intimamente ligada à Madre Cândida. “Nela ele olhava como Madre Cândida, diante da experiência da saúde e da doença (dela e das irmãs), fazia a experiência de um Deus Encarnado. Procurei elementos que expressassem o corpo como caminho. de e para Deus.

Sem dúvida, nossos sentidos são a nossa porta de entrada para que Deus venha ao nosso encontro através do corpo. Essa é a experiência de Madre Cândida, que pela sensibilidade de uma mulher soube perceber a passagem de Deus por seu corpo frágil. Ela dizia: “Você tem que olhar com atenção e com sensibilidade …” [3], ou seja, é preciso abrir os sentidos.

 

Com que palavras deseja exprimir o final desta experiência de estudo que é sem dúvida um grande começo …

Dizendo OBRIGADO. Agradeço à Congregação que me confiou esta missão de poder estudar teologia e daí oferecer minha vida ao Reino, graças às irmãs que fizeram parte da minha comunidade que tanto me apoiaram com paciência e alegria nos momentos de estudo e trabalho (que às vezes não é fácil). Agradeço a todas aquelas que foram minhas formadoras no primeiro estágio do Juniorado (Dayse e Regina Célia) que com suas vidas me deram dicas de como dar minha vida de Filha de Jesus a partir da minha autenticidade de ser Celina em plenitude. Agradeço às Filhas de Jesus do Brasil, principalmente às de Belo Horizonte, com quem vivi mais, que me inspiraram com suas vidas, que roubaram tantos sorrisos, e que também puxaram minha orelha para me ajudar a crescer. Agradeço a tantas Filhas de Jesus que estão no céu e que me humanizaram.
Agradeço à minha família que sempre presenciou cada passo, cada tropeço, cada sonho, cada esperança, cada alegria e também cada lágrima. Graças aos amigos que também estive encontrando nesta época no Brasil, eles eram o rosto do companheiro Jesus no caminho que te abraça e caminha ao seu lado.
Sabendo que Deus é amor, desejo que, como mulheres consagradas, parafraseando o padre Arrupe, sejamos mulheres apaixonadas, capazes de permanecer no amor e a partir daí tudo seja diferente. O amor é aquela experiência de sair de nós mesmos; é aquela abertura à nossa pobreza; é permitir que Jesus nasça na rotina diária de nossas vidas.

Leia a entrevista completa 

[1] Plan General de Formación, 127.

[2] CFI 109

[3] MF I, 25

 

 

 

 

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