Víctor Codina sj nos apresentou uma iluminação com uma excelente interpretação da ação do Espírito a partir do pequeno na América e Caribe, partindo de uma aproximação histórica à pneumatologia latino-americana e caribenha. Percebe-se em certa medida a ausência desta reflexão, disse ele. Neste momento se encontra em um nível incipiente, embora a partir dos anos 90 se fez mais presente com a abertura a novos temas como gênero, indígenas, afro-americanos, cultura, diálogo inter-religioso, ecologia e maior presença de teólogas; e as reflexões de vários teólogos/as preocupados/as com a questão pneumatológica.
Igualmente, fez uma leitura da experiência espiritual de América Latina e Caribe a partir de alguns bispos e mártires, reconhecidos ou não, que entregaram a vida pelo evangelho animados pelo Espírito, e “em muitos aspectos comparáveis aos Santos Padres da Igreja primitiva”, como: Helder Câmara do Brasil, Manuel Larraín do Chile, Leónidas Proaño do Equador, Ramón Bogarín do Paraguai, Sergio Méndez Arceo e Samuel Ruiz do México, José Dammert e Juan Landázuri do Perú, Enrique Alvear e Silva Henríquez do Chile, Novac e Jaime Nevares de Argentina e os bispos mártires Enrique Angelleli de Argentina, Oscar Romero de El Salvador, Juan Gerardi de Guatemala. Certamente podem ser acrescentados a esta lista outros bispos posteriores, como Jorge Manrique e Manuel Eguiguren da Bolívia e Joaquín Piña da Argentina, e Pedro Casaldáliga.
Apresentou-nos como outro sinal do Espírito as Comunidades Eclesiais de Base (CEB), “que não nasceram como fruto de um planejamento pastoral elaborado em um escritório da Igreja instituição, mas da base da Igreja, como consequência da mesma pobreza social e eclesial do povo de Deus”. Também houve um particular despertar eclesial no qual os leigos, mais concretamente, as mulheres, tiveram importante protagonismo.
“A vida religiosa tomou maior consciência de sua dimensão não somente carismática, mas concretamente profética”, e isso expressa a audácia do Espírito no Continente, agindo a partir dos pobres e pequenos. Fundamentou como o Espírito atua desde os menores conforme as Escrituras e a tradição eclesial, e nos apresentou algumas consequências teológicas e pastorais, animando-nos ao compromisso com esperança.
Assim preparadas, partimos para as diferentes comunidades, para fazer a experiência apostólica em Santa Cruz, Montero, Buen Retiro e Irpa Irpa, Cochabamba e Potosí, onde pudemos perceber como o Espírito age a partir do pequeno nos rostos ternos de tantos meninos e meninas que em meio a situações muito difíceis sorriem sincera e carinhosamente. Foi o que expressamos ao recolher a experiência apostólica.
Como Filhas de Jesus, fomos compartilhar a tarefa apostólica que nossas irmãs realizam nas comunidades de Bolívia. Não sabemos se o Senhor nos viu debaixo da figueira, mas houve, sim, um encontro com Ele através dessas pessoas. Desde o primeiro momento pudemos palpar a Palavra habitando entre nós, descobrir o olhar de Deus através dos olhares ternos e próximos de meninos, meninas, jovens e mulheres.
O tempo compartilhado foi muito rico, e enquanto construímos nosso pequeno portal de Belém cada gesto era importante: olhares, carícias, abraços valiam como palavras em todos os idiomas; gestos que transmitiam e falavam mais do que palavras. Junto a esta gente vivemos o presente do Natal. Um menino que nasce em pobreza e trás a todos a alegria, ternura, encontro e fraternidade.
Ficou gravado em nosso coração o olhar e o sorriso de tantos rostos, o acompanhamento oferecido pelas irmãs e a disponibilidade de leigas e leigos com quem compartilhamos. É um convite a viver em atitude contemplativa, atenta e de escuta ao clamor de tantos pobres em qualquer lugar do mundo. Em uma das comunidades a experiência nos possibilitou um apostolado intercongregacional que é um dos chamados da Vida Religiosa, hoje, na Igreja.
Agradecemos à Congregação e a esta Região da Província América Andina a oportunidade de experimentar nossa presença como Corpo, na Bolívia. Cremos que o que vivemos além de nos fazer felizes, é uma ajuda que impulsiona a seguir o caminho de Jesus, não importa onde nem como, e sempre como Filhas de Jesus. Esta experiência questionou muitas cosas sobre nossa vida… ficamos surpresas, admiradas ao contemplar o mistério da Encarnação em cada comunidade. Podemos dizer com profundo agradecimento, que os dias de experiência apostólica foram para nós o milagre do Natal. Encontramos o menino que nos trás a PAZ. Agradecemos o carinho e esta maravilhosa experiência de encontro com Jesus presente nos menores.
Com carinho,
Equipe de comunicação, curso de renovação.