O ACAMPAMENTO É A PEDRA ANGULAR DO SERVIÇO
Minha recente visita à região do JRS de Ásia Pacífico foi a primeira como diretor internacional. Visitei pela primeira vez Camboja e Indonésia e, ao voltar a Tailândia, me pareceu uma história antiga a visita que tinha feito em 1999. Fiquei realmente impressionado com a atenção e dedicação dos membros da equipe do JRS com os quais me reuni.
Embora conhecesse o trabalho do JRS na região, surpreendeu-me saber quem estava servindo ali. Os afegãos são o principal grupo com o qual trabalhamos na Indonésia, há eritreus em Camboja, e parece que todo o mundo chegou a Tailândia: os refugiados “karenni” e “karen” de Mianmar que vivem em acampamentos, os paquistaneses e somalis que vivem em Bangkok… Como sempre, é comovedor e estimula escutar as histórias dos refugiados… e me surpreendem a fé e a fortaleza das pessoas que vou conhecendo. Na região, aprendi também algo sobre mim.
Desfrutei falando com mulheres e homens otimistas: gente que sabe que o caminho por andar pode ser tão árduo como o já percorrido e, contudo, encontram esperança para prosseguir. Conheci muitas pessoas assim: uma família afegã que tinha esperança de ir aos Estados Unidos; uns líderes “karenni” vislumbrando a volta a Mianmar; duas mulheres paquistanesas com um otimismo cheio de fé no futuro, apesar de que a espera para a entrevista sobre seu estatuto de refugiadas fosse contabilizada em anos, não em meses.
Mas, nem todos os refugiados são tão afortunados ou otimistas. Encontrei-me com um iraniano a quem negaram sua solicitação para a condição de refugiado; a dureza de sua preocupação e confusão não era fácil de assimilar. Encontrei vários afegãos que dominavam bem o inglês e estavam contentes por estarem na Indonésia. Conheci também um refugiado, professor de inglês, para quem o caminho era duro, e difícil de suportar a longa espera. Senti o que ele estava passando e sabia que não estávamos comunicando pela internet situações semelhantes. Conclusão: encontrei-me presente em todas as histórias que escutei, e redescobri s graça de caminhar por espaços sombrios.
No JRS, o acampamento é a pedra angular do que fazemos. Ao caminhar com as mulheres e homens refugiados e sem lugar, fazemos conexões que nos fortalecem. Sabemos também que a historia de cada refugiado é diferente, e que nem todas as histórias se orientam para onde queremos nem com a rapidez ou facilidade que gostaríamos. Neste sentido estamos acompanhando o mistério pascal vivido em nosso tempo. Com frequência desconhecemos o momento da ressurreição, embora tenhamos fé que chegará, seja difícil ou fácil a espera.
Reflexões para a Oração
Especialmente neste tempo de Quaresma, rezemos por todos os homens e mulheres em movimento, para que a presença daquele que ama a todos continue acompanhando a eles e a nós.
— Rvdo. Thomas H. Smolich SJ, director internacional del JRS
Leitura sugerida para a Oração
Salmos 137: 1-9
Junto aos rios de Babilônia, nos sentávamos chorando…