Graciela Francovig, Superiora Geral das Filhas de Jesus, esteve presente no sábado passado no Encontro virtual da Família Madre Cândida. Contribuiu para uma reflexão sobre o lema da celebração dos 150 anos de fundação da Congregação, “Um carisma vivo, um caminho partilhado”. Com proximidade, detalhe e sucesso, ela comentou as duas partes do lema e relacionou-o com a experiência carismática de Madre Cândida. Antes do retábulo de Rosarillo e depois viajando pela história da Igreja e da Congregação, ela nos convidou a buscar a nova face do carisma, de que nos fala a Determinação do CG XVIII. Chamada à busca conjunta de leigos e Filhas de Jesus, a partir de nossas vocações particulares, como Família carismática.
Oferecemos um resumo de sua palestra, mas você também pode baixar o documento completo ou ouvi-lo novamente em nosso canal no YouTube.
“Um carisma vivo, un caminho compartilhado”
Jornada 8 de maioo de 2021
INTRODUÇÃO
Nesta situação de pandemia que vivemos, queremos oferecer um ao outro um espaço de convivência para aproximar as distâncias, dar um rosto a nós e fortalecer-nos para a vida.
O dia escolhido para celebrar este dia é especialmente significativo para todos nós: mês de maio, sábado, dia 8 … É o dia da Virgem Maria, nossa Mãe. E também, hoje é a festa de nossa Senhora de Luján, padroeira da Argentina.
Vivemos um momento de graça e de possibilidade de aprofundar a nossa identidade, de ser gratos por quem somos, pelo que vivemos até agora, de continuar o nosso caminho. Somos chamados a oferecer um novo rosto do carisma e devemos buscar o que é esse novo rosto.
Juana Josefa recebe uma inspiração diante do altar de Rosarillo em 1869, é um presente que está se tornando realidade. Essa inspiração, esse sonho, que sim, está amadurecendo; primeiro nele, depois naqueles que se juntam a ele. Hoje, as pessoas que aderem são leigos e leigas, outra forma de vida na Igreja. O Espírito está sempre trabalhando.
A Igreja nos confirma que o caminho que a Madre Cândida inicia é o caminho que conduz à santidade. E a santidade é um apelo e um dom para cada baptizado, é a meta de um carisma vivo, de um caminho partilhado.
1. UM CARISMA VIVO (contra Rosarillo)
“Carisma” é o “dom gratuito que o Espírito Santo oferece às pessoas para o desenvolvimento e renovação da Igreja”. (Cf. LG 12).
No altar do Rosarillo encontramos filiação e cristocentricidade.
No Rosarillo recebemos o nosso nome, o que nos marca com duas características essenciais:
– ser Filhas, filiação,
– de Jesus, cristocentrismo.
A experiência de fé de Madre Cândida é vivida e expressa como filiação. Ser filha é uma forma de estar no mundo e de se relacionar com ele e com os outros, é reconhecer a dignidade dos filhos. A familiaridade com Deus e a simplicidade no relacionamento com os outros eram características de nós.
Todo o altar de Rosarillo fala de família. Em Rosarillo podemos nos encontrar em família e descobrir que somos crianças e Jesus é o centro.
b. O apelo que o CG XVIII nos faz antes do Rosarillo.
“O carisma de Madre Cândida é um dom do Espírito à Igreja, vivido a partir das duas vocações … Queremos estar abertos e em busca do horizonte e dos passos que o Espírito nos incita a dar como Família carismática” (Para ir e anunciar, 8).
Os leigos deixam de ser colaboradores das Filhas de Jesus para descobrirem mutuamente que somos todos colaboradores da missão de Cristo. Juntas, Filhas de Jesus e leigos, formamos a família M. Cândida, porque ela marca o ponto de partida.
Viver em Família não será a nova face que somos chamados a oferecer?
Algumas notas do contexto eclesial do qual ouvimos este quinto apelo do CG XVIII:
– O dia de hoje está marcado porque somos a Igreja dos 56 anos depois do Concílio Vaticano II. Somos “o povo de Deus” e queremos ser, como diz o Papa Francisco, o povo de Deus em saída.
– 25 anos depois do documento Vita Consecrata, onde se afirma que hoje alguns Institutos, por várias razões, se convenceram de que seu carisma pode ser compartilhado com os leigos; são convidados à missão comum e a beber da própria espiritualidade. (VC54)
– As palavras do Papa Francisco ao proclamar em 2014 o Ano da Vida Consagrada, recordando que em torno dos Institutos religiosos existem “famílias carismáticas”, constituídas por vários institutos e também por cristãos leigos que sentem aquele chamado a participar no mesmo espírito carismático.
São chamados repetidamente da Igreja que, sem dúvida, colhe o que o Espírito semeia em vida.
Tempos de Sinodalidade: caminhar juntos na escuta do Espírito Santo de Deus com relações estreitas e cordiais.
A mulher: O mundo precisa em todos os momentos e hoje também, da presença ativa e da contribuição das mulheres.
Todos convocados no Laudato Sí para morar e se relacionar de outra forma com o lar comum. E em Fratelli Tutti viver a consequência de ser “crianças”, fraternidade universal, tornando-se irmãs e irmãos todos os dias. Não esqueçamos de sublinhar esta nota da universalidade: nada nem ninguém está excluído dessa fraternidade.
2. UM CAMINHO COMPARTILHADO (espiritualidade e missão)
O carisma está vivo porque descobrimos como a bondade de Deus também atua por meio de nós. Somos mediações do seu cuidado e da sua misericórdia, como tantas pessoas de boa vontade.
E que o carisma permaneça vivo acontece porque continuamos fazendo um caminho compartilhado e abrindo o caminho para o FUTURO. Na chave do “magis”, a vitalidade do carisma pede “mais”, pede mais espiritualidade e mais missão. Nos convida e nos exorta a nos colocarmos à disposição da vontade de Deus, a partir do nosso discernimento; e a partir daí, disponível para a missão, servir onde for mais necessário.
a. Peça compartilhar espiritualidade
Trata-se de viver, como Família carismática e “em família”, o discernimento pessoal e o discernimento em comum, de nos colocarmos verdadeiramente à disposição dos movimentos do Espírito, para onde Ele quiser nos conduzir.
-Um trabalho que é para vocês, leigos, é a sua vida, é a sua fé, é a sua projeção apostólica. Como adultos na fé, já foi “sua hora”. A maneira laical de viver o carisma é sua.
-Mas o trabalho é para nós, Filhas de Jesus, aberto ao frescor de uma nova mediação, à mediação de nossos irmãos leigos, que descobrem o próprio caminho e nos pedem para caminharmos juntos, daquilo que somos como mulheres consagradas. E assim ambas as vocações se ajudam a viver o nosso dom.
b. A vitalidade do carisma pede a partilha da missão
Encontraremos nossas notas carismáticas e também as faremos crescer na própria missão. E a missão é toda a vida.
O 150º aniversário é o terreno adequado para procurar a vontade de Deus e ser sinais de vida nas circunstâncias deste tempo. Sabemos que não existem receitas, mas caminhos que devemos traçar a partir do discernimento para fazer opções concretas.
Ficaria muito feliz em receber de todos vocês propostas, pessoais e/ou comunitárias, para nos ajudar a continuar a crescer como Família.
Obrigada.
Graciela Francovig F
Finalizamos este resumo com as palavras de Graciela no início do encontro aplicado ao dia a dia: «Que Maria nos acompanhe, guie os nossos passos e nos coloque com o seu Filho, para nos tornarmos, como Família Madre Cândida, aquilo que hoje somos chamados a ser na Igreja e no mundo».