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Jesus nos provoca ao “Magis”

fev 11, 2017 | Igreja, Notícias

Hoje, iniciemos com esta ideia: “Tudo o que se vive mais ou menos necessita, e é necessário procurar a plenitude”, pois como diz o ditado popular, “Aquilo que não melhora, piora”.
A fome verdadeira procura o alimento que dá a energia necessária para viver; a fome mais ou menos, e que não é fome, se entretém com guloseimas.  A sede verdadeira busca por toda parte um manancial de água viva; a sede mais ou menos se diverte com refrigerantes ou bebidas alcoólicas.  O cego daria a vida, para que seus olhos possam ver; aquele que vê, abusa vendo torpezas, e desconhece o dom maravilhoso que tem. O passeador anda distraído e como que perdido; o caminhante busca alcançar uma meta e vai concentrado e atento aos sinais.
Salmo 118: “Feliz o homem sem pecado em seu caminho, que na lei do Senhor Deus vai progredindo”. Aí está a nova e eterna atitude que deves buscar no silêncio orante deste domingo. Buscar o Senhor, quer dizer, progredir, encaminhar à plenitude… É este o sentido espiritual. Tudo há de permanecer. O trigo e o joio permanecem juntos até o final. Por isso Jesus diz: “Não vim abolir, mas levar à plenitude”. Parece-me preciosa e inacreditável esta afirmação de Jesus.
Com Jesus acaba isso de ficar sempre na mediocridade, no mais ou menos. Ele te provoca na direção do ‘Magis’ inaciano, o ‘mais e mais’, ir mais longe e mais fundo. Até a plenitude. É esse o Caminho. Ele é o Caminho. Ele é a plenitude de tudo em todos. “Tudo foi criado por Ele e para Ele”. O cristão deve abandonar a vida medíocre que vem praticando há séculos; essa vida acomodada, que se conforma com um cumprimento mais ou menos contemporizador ou frio da lei eclesiástica; pois, por esse caminho, não chegará à meta. Sim, Cristo é, é mais, é a plenitude. Ele é “a pedra angular” que dá estabilidade ao edifício que formamos. O cristão, que vive por e para Cristo, não se conforma em viver na mediocridade; e se é cristão deve viver com seu Senhor.
“Além de meus medos, além de minha insegurança, quero te dar a resposta: aqui estou para fazer tua vontade, para que meu amor possa te dizer sim até o final”. Este canto, que ouvia os jovens da paróquia de santa Eugenia, em Vallecas, cantarem com paixão e emoção depois da comunhão, reflete bem o desejo mais profundo de quem crê para superar a mediocridade, esquecer de si e buscar o melhor para todo o Corpo, a plenitude. Não se trata de competir com ninguém, isso não é cristão; mas de viver e ser com a dignidade pessoal do discípulo e da comunidade de Jesus.
Nestes domingos estás envolvido com valentia no Sermão da Montanha de Mateus 5. E hoje ele te deixa, entre outras pérolas, estas: “Se a sua justiça não for maior que a dos escribas e fariseus, você não entrará no reino dos céus.” “Vá primeiro reconciliar-se com seu irmão, e depois volte para apresentar a oferenda”. “Se o olho direito leva você a pecar, arranque-o e jogue-o.” “Não jure de modo algum.” “Diga apenas ‘sim’, quando é ‘sim’; e ‘não’ quando é ‘não’”.
Todas estas pérolas estão inspiradas para a consecução da plenitude da vida humana, e imbuídas dos valores do Evangelho que o discípulo do Mestre deve cultivar. Não se trata de que sejas um aristocrata, ou alguém da elite espiritual ou “gente de bem”. Ao contrario. Trata-se de seres bem-aventurado, de viveres as bem-aventuranças que escutaste faz dois domingos. São os pobres, os mansos, os sofredores, os misericordiosos, os limpos de coração os perseguidos, os que vivem a plenitude. E deves conhecê-los bem para seres um com eles, para poder imitá-los no essencial de cada vida bem-aventurada, que tem a missão de dar luz, diluir sal e ser fermento da Boa Notícia.
Assim surgem e crescem grupos de cristãos bem harmonizados humanamente, fervorosos na escuta da Palavra e na sua compreensão, participantes de um silêncio comunitário, servidores de seus irmãos e dos pobres até não mais poder. E estes grupos de crentes e comunitários nos farão saborear a sabedoria da qual hoje nos fala 1 Coríntios: “Falamos de uma sabedoria que não é deste mundo. Uma sabedoria de Deus, misteriosa, escondida, que Deus destinou para nossa gloria. A nós Deus revelou este mistério através do Espírito” .
Estás no mundo dos homens, nosso mundo, que é, por sua vez e primeiramente, o mundo de Deus. Este mundo, contudo, está imbuído de um ambiente cada dia mais recriado por seres humanos que não creem nele, ou que o ignoram. Apesar disso, quem crê continua vivendo envolto pela sabedoria do Evangelho e aberto a que sua vida seja caminho, para que o saber e o amor de Deus cheguem à humanidade. O cristão sabe, com essa sabedoria de Deus, que somente poderá agir com mansidão, humildade e valorização positiva de seus irmãos diferentes, e de todos os seus progressos. Na reciprocidade, no empenho por uma vida digna, na austeridade e compromisso permanente, não medíocre, mas de plenitude, poderá realizar, com sumo respeito, a obra do Espírito: “Pois o Espírito esquadrinha tudo, mesmo as profundezas de Deus”.
O melro é contumaz com seu canto ao amanhecer. Cada manhã é fiel ao seu encontro com a vida. Também tu, que reconheces a ação da misericórdia de Deus em tua pobre vida, sabes que deves cantar teu canto exemplar de luz e de amor, cada dia mais e melhor, a serviço de uma humanidade sofrida ou a caminho da dispersão, e que está chamada permanentemente a renascer para um tempo de plenitude, para a glória de Deus e bem das pessoas, em suas contradições e suas cinzas.

Antonio García Rubio, pároco do Pilar em Madrid

Hijas de Jesús
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