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O Papa sobre a economia de comunhão: não é evitar o lucro, mas partilhá-lo

fevereiro 5, 2017

Três temas abordados pelo Papa Francisco ao concluir o encontro de sábado passado, no Vaticano, organizado pelo movimento dos Focolares, e no qual participaram mais de mil empresários empenhados em uma economia de comunhão:
1) O dinheiro, sua importância e o perigo da idolatria se ele se tornar o fim absoluto. 2) A pobreza e a integração de todos na sociedade, evitando os ‘descartes humanos’ que depois servirão para fazer filantropia. 3) Não perder a identidade da economia de comunhão em uma sociedade na qual há ricos e pobres, mas onde “os ricos sabem partilhar suas riquezas e os pobres são chamados bem-aventurados”.  
A iniciativa de economia e comunhão, recordou o Santo Padre, nasceu faz 25 anos no Brasil com a proposta de Chiara Lubich que, ante as desigualdades sociais, convidou os empresários a se tornarem agentes de comunhão.
Na sala Paulo VI, Francisco recordou aos presentes, como primeira coisa, que “o dinheiro é importante, especialmente quando falta, porque dele dependem o alimento, a escola e o futuro dos filhos”. Porém, “torna-se um ídolo quando se transforma em fim”. Não é por acaso que a avareza é um vício capital, acrescentou, ela “é pecado de idolatria”.
Assinalou que “quando o capitalismo faz do lucro sua única finalidade, corre o risco de se tornar uma estrutura idolátrica, uma forma de culto”. Por isso o modo concreto para não transformar o dinheiro em um ídolo “é partilhá-lo com os demais, especialmente com os pobres, ou com os jovens para que possam estudar e trabalhar”.
O segundo ponto abordado pelo pontífice foi o da pobreza. Francisco disse que “algumas sementes da Bíblia floresceram em instituições mais eficazes do que as antigas”, e que “a razão dos impostos está na solidariedade, negada pela evasão fiscal”.
Francisco aprofundou como “o problema ético deste capitalismo é a criação de pessoas descartáveis”, e ironizou, “quando as empresas de armas financiaram hospitais para curar crianças mutiladas por suas bombas, o sistema chegou ao cume”. Porque o capitalismo “conhece a filantropia e não a comunhão”.
Ao contrario, assegurou, a economia de comunhão “não deve somente curar as vítimas, mas construir um sistema onde haja cada vez menos vítimas”. Porque “imitar o bom samaritano do Evangelho não é suficiente”, é necessário que o ser humano encontre os malfeitores, “combata as estruturas de pecado que produzem malfeitores e vítimas”. Sem se deixar “bloquear pela meritocracia invocada pelo filho mais velho” da parábola do Filho Pródigo, e “por tantos, que em nome do mérito, negam a misericórdia”.
O Santo Padre pontuou: “um empresário de comunhão deve fazer todo o possível para que aqueles que se equivocam e deixam a casa, possam ter um trabalho e uma renda digna, e não tenham que comer com os porcos”.
O terceiro ponto abordado por Francisco se referiu ao futuro, alertando que “cada vez que as pessoas, os povos e inclusive a Igreja pensaram salvar o mundo crescendo em números” produziram “estruturas de poder esquecendo-se dos pobres”. E considerou também, que “a comunhão não é somente a divisão, mas também a multiplicação dos bens”.
Especificou que o primeiro dom do empresário é o da própria pessoa, “vosso dinheiro embora seja importante é muito pouco”, pois “na lógica do Evangelho, se não se doa tudo, não se doa o suficiente”.
Ao concluir suas palavras, o Papa convidou-os a continuar sendo semente, sal e fermento de outro tipo de economia: “a economia do Reino, onde os ricos sabem partilhar suas riquezas e os pobres são chamados bem-aventurados”.

Publicado em Zenit por Sergio Mora

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