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SENTIR FRATERNO: “… por seus frutos os conhecereis”

jul 23, 2017 | Espanha-Itália, Hijas de Jesús, Notícias

Vim a Ayete para acompanhar as Irmãs idosas.
E, pelo contrario, sinto-me acompanhada… sinto ser Congregação, ser muito Filha de Jesus… vital e no Espírito.
É tão densa a vida destas Irmãs…! Disse-nos Jesus: Pelos frutos as conheceremos. Frutos maduros. Uma vida assim não se improvisa.
É verdade que a curva biológica descende; que se oxidam não apenas as articulações, também os neurônios cerebrais. A memória e a atenção e a lógica cotidiana desfalecem com o passar do tempo. E há desentendimentos e manias e desvarios.
Porém as raízes, o profundo da alma deixa transluzir uma presença especial de nosso PAI DEUS. Um seguimento radical de Jesus. Um entregar a vida … “por muitos”.

Idades? Pois é… até os 100 e 102 anos.
E diferentes níveis: as plenamente autônomas que caminham sem apoios.
Começa a dependência ao ter que usar a bengala. Depois o andador. E a dependência é total quando se necessita da cadeira de rodas; ou não se consegue deixar a cama.
É muito densa, entretanto, a vida destas Irmãs…!
É verdade que algumas conviveram com as primeiras Filhas de Jesus, companheiras da M. Cândida. Beberam do manancial carismático. Receberam e nos passaram a tocha.
Simplesmente viveram “verdadeiras Filhas de Jesus”, conaturalmente.
Fizeram possível “… uma Congregação de amor, de união, de verdadeiro e frutífero apostolado”
Como as primeiras testemunhas de Jesus viviam o evangelho, a boa notícia de Jesus antes de que estivessem escritos os evangelhos, analogicamente algo assim deve ter acontecido. 
Elas viviam aquela intuição do Rosarilho, canalizada nas Regras e Costumes, com a simplicidade e alegria dos “anawin”.
Depois, chegaram os textos, a riqueza de todo nosso patrimônio espiritual, também ao sopro conciliar do ESPÍRITO. 


É tão densa, entretanto, a vida destas Irmãs…!
Verdadeiras Filhas de Jesus, verdadeiro e frutífero apostolado, suas vidas entregues fizeram possível o que é a Congregação hoje.
Aqui e além dos oceanos, em outros continentes; foram elas as que forjaram o desejo da M. Cândida… ao fim do mundo iria em busca de almas… Como ela: sempre em saída, em busca. 
São elas a energia do Espírito para nossa Congregação. Raízes nesta nossa terra, que nutrem a seiva congregacional. Cimentos que sustentam o edifício. As raízes não se veem. Nem os cimentos. A fachada cairia se não estivesse bem sustentada.
Não faço outra coisa senão mirar, contemplar esses lábios que balbuciam orações, esses dedos já inertes que apertam o crucifixo de seu desgastado terço. Esse cabecear longo diante do Sacrário. Esse olhar, talvez sem ver, porém profundo, quando a conversa trata dos caminhos de Deus, dos sofrimentos e vicissitudes humanos, da Virgem, de Jesus, da Congregação, de nossa missão aqui ou lá… Que interesse e como o vivem!
É normal que venham à memória vivências passadas. Essas vivências são estratos históricos do futuro congregacional. Faz bem escutá-las. Colocam-nos dentro de nosso modo de ser e proceder, de estar no mundo.
E que sinergias: como se ajudam. Algumas, preocupadas pelas demais, descascam a fruta para quem já não domina a faca, acompanham, ou levam a cadeira de rodas quando a auxiliar está ocupada. Cuidam das flores que cultivam com esforço e esmero; que centros de flores na capela e no oratório! Ou se confraternizam jogando o baralho. Alternam o uso dos computadores que as mantém em relação.
Outras visitam a cadeia ou fazem seus contatos com os romenos ou outros imigrantes. Sua vocação apostólica chega até a paróquia.
Também está presente nesta comunidade uma dimensão artística. Nossa M. Cruz Báscones, vulcão de criatividade e energia, com seus 80 anos, continua editando livros e expondo suas pinturas em esmalte, em diversas salas… O Cântico dos Cânticos. O Pai Nosso. As bem-aventuranças.  O Apocalipse… Seu atelier é o paradigma do artista. As que nele entramos não sabemos onde pisar; mas, ela tem outro critério de ordem… e sabe onde está cada coisa.
Atualmente expõe uma coleção de pinturas em esmalte, o MAGNIFICAT, no Museu de Arte Sacra em Bilbao.
Porém, toda a casa é uma exposição de pinturas em óleo ou esmalte. E de esculturas modeladas em barro.

É tão densa a vida destas Irmãs…!
O Reino de Deus não é questão de biologia, mas de fé, esperança e amor comprometido; das pedras podem surgir filhos de Abraão.
A história bíblica faz notar: Abraão, Sara, Isabel… em raízes secas, o braço estendido do amor de Deus realizou a salvação. Em Deus não há tempo. Creio que continua realizando-a.
Antes, em  nossos catálogos, às Irmãs que não tinham mais forças ou se encontravam doentes se colocava, no parágrafo das tarefas apostólicas, esta declaração: “ora pela Congregação”
Vim para acompanhar-lhes… e sinto-me tão acompanhada!

Teresa Zugazabeitia FI
San Sebastián, 24 julho 2017